quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Regulagem guitarra Giannini Brasil




Este é o dia a dia aqui na G-Marx !!!



Esqueci de tirar as fotos no momento em que a guitarra chegou, mas estava bem suja e cheia de pó, desregulada. Ficou parada por mais de 3 anos... Já estava na hora de uma regulagem geral e revisão completa.




Revisão da parte elétrica original:



E aqui a garota  ja pronta:

















quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Restauração Violão Giannini 1973




Em uma tarde agradável tocando violão e conversando descontraidamente meu chará Guilherme mencionou  que havia um violão antigo parado a muitos  anos em um galpão de sua familia.  Fiquei curioso pois  ele não sabia dizer a marca do violão, disse apenas ser  "antigo"... Particularmente  eu adoro instrumentos e objetos  antigos , e pedi para o amigo trazer o violão para que  eu pudesse analisar melhor e buscar pesquisar mais sobre a tal antiguidade.

Ainda no fim de tarde do mesmo dia, eis que surge um violão vermelho e grosso de pó..

 Na etiqueta dizia: "Tropicalia"   T.Giannini .S.A  tropicalia II  -  AWS 41 ...



Reparei que havia uns nomes  escritos na etiqueta e perguntei mais  sobre. "Eis que surge" uma história por traz dos nomes escritos...

O violão foi comprado pela  avó de Guilherme, e foi dado para seu pai, que infelizmente não continou com os  estudos da musica e o violão acabou ficando parado por  algumas décadas. Eu disse que provavelmente poderia  ser do inicio dos  anos 70...


Estava com algumas cordas inteiras e outras  arrebentadas, reparei que haviam algumas fissuras na madeira e a escala estava descolando, perguntei mais e soube que as tarrachas  estavam ruins e não seguravam nem um pouco a afinação. Outra coisa interessante  que  eu pude observar foi a ponte móvel (o nome correto é Floating Bridge) como aquelas usadas nos violões archtop.

Ficou combinado que eu iria pesquisar sobre o violão e depois iriamos ver oque poderia ser feito.


Pesquisei o modelo no site do fabricante GIANNINI segue o link :   www.giannini.com.br

Na homepage do site  tem uma aba com o nome institucional / catálogos antigos onde você pode pesquisar alguns  instrumentos ja fabricados pela Giannini Brasil.

Por intuição eu fui direto nos catalogos do inicio dos anos 70, e  então encontrei o tal AWN 41 tropicalia II no CATÁLOGO DE INSTRUMENTOS MUSICAIS E ELETRÔNICA - 1973 / 1977 GIANNINI.




Nunca tinha visto este modelo antes e fui pesquisar mais, não encontrei muita  coisa  sobre este modelo em especial.

 Infelizmente aqui no Brasil os instrumentos  antigos foram se perdendo com o tempo e até mesmo por descuido. Alguns modelos não são  TOP de qualidade e nos dias atuais perdem feio para qualquer violão razoavel fabricado na China.

 O maior valor seria mesmo o valor histórico e até mesmo colecionavel, pois estamos em uma epoca de colecionismo de instrumentos "Vintage" e vejo pessoas pedindo preços  absurdos em instrumentos nacionais de qualidade razoavel, e as vezes ruim. Raramente  encontramos instrumentos nacionais "excelentes" e em perfeitas condições, ainda  mais se tratando de instrumentos antigos com mais de 20 anos.

O violão em questão se trata de uma peça de qualidade razoavel, onde seu maior valor é o historico e sentimental para o dono. Pude notar falhas graves de fabricação como marcas de lixa e lima groza na madeira, trastes desnivelados e mal colocados e mal limados a ponto de sobrarem cantos afiados a partir da 12ª casa. Falhas que eu pude corrigir nesta restauração, a quase 4 décadas depois de sua fabricação.

Nos violões pintados, a madeira pode variar muito a sua qualidade, visto que a tinta esconde a madeira por baixo do instrumento. Obviamente que isso é uma tremenda "picaretagem", mas se tratando de instrumentos feitos para iniciantes ou produzidos  em larga escala enfim... Não consigo encontrar outra palavra que não seja "picaretagem", e mesmo as mais  afamadas  marcas de instrumentos podem usar deste truque para empregar madeiras de baixa qualidade nos instrumentos, pois fica escondida debaixo da tinta.

Neste caso, o catalogo diz: Construido com madeiras brasileiras selecionadas, mas não especifica qual o tipo de madeira usada.
 Eu tenho meus palpites sobre o tipo de madeira que foi usado (basicamente cedro e imbuia) e algumas outras que  não pude identificar. O tampo é um laminado fino, bem como o fundo e faixas.

A escala é pintada de preto, imitando o ébano, mas durante a restauração eu tive que recolar a escala, e a madeira real não é  ébano, é uma madeira de coloração clara, entre o marrom e o amarelo-ouro.

"Reza a lenda" .. Que a Empresa Giannini teria feito a linha Tropicália em homenagem ao movimento TROPICÁLIA no Brasil no final dos anos 60...

Se você não conhece o movimento tropicália, aqui vai um pouco de história :

 Tropicalismo ou Movimento tropicalista era um movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas de vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira (como o pop-rock e o concretismo); misturou manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas radicais. Tinha objetivos comportamentais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob o regime militar, no final da década de 1960. O movimento manifestou-se principalmente na música (cujos maiores representantes foram Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto, Os Mutantes e Tom Zé); manifestações artísticas diversas, como as artes plásticas (destaque para a figura de Hélio Oiticica), o cinema (o movimento sofreu influências e influenciou o Cinema novo de Gláuber Rocha) e o teatro brasileiro (sobretudo nas peças anárquicas de José Celso Martinez Corrêa). Um dos maiores exemplos do movimento tropicalista foi uma das canções de Caetano Veloso, denominada exatamente de "Tropicália".
 O movimento tropicalista trouxe várias inovações para o cenário cultural brasileiro do final da década de 60. Eles se caracterizavam pelo excesso, roupas coloridas, cabelos compridos e agregavam várias influências musicais. Era uma mistura da cultura brega, do rock inglês dos Beatles, da música erudita, da cultura popular, entre outros. O som da guitarra elétrica convivia com violinos e com o berimbau.


Pesquisado a origem e história, foi decidido a restauração do violão. Decidimos deixar ele original, porém 100% funcional e corrigir pequenos detalhes e erros de construção além de danos causados pelo tempo.
Eis como o violão chegou até as minhas  mãos :




 Muitos  anos de esquecimento em um galpão...


Fotos internas do violão. Note que foi flagrado um pedaço de palito de fósforo e muita sujeira.



 Nesta outra foto, pode notar um ninho de aranha marrom.. Tomar cuidado ao manusear coisas antigas, nunca  sabemos  as surpresas que nos aguardam . Ai só tinha um ninho, mas ja não havia mais aranha nenhuma.



Pó, teia de aranha e sujeira !!!



 Aqui ja um trabalho de limpeza





 Observe o mal estado das peças devido a  ação do tempo


 A escala estava horrivel, e os trastes foram pintados na fabrica, estavam grosseiramente lixados e desuniformes



O cordal enferrujado e solto





 A escala descolada






 Depois de muitas horas de trabalho:






A escala foi  recolada no lugar e os trastes retificados, mas sem perder a originalidade.









 Quanto ao som, é inexplicavel...  Só mesmo tocando um violão de 40 anos para saber, muito legal :)












Irmãos de Fábrica :





Fabricados nos anos 70



O formato da caixa acustica é quase o mesmo, porém o meu é levemente mais largo o tampo, para ser mais exato é uma diferença de 5,2mm, alem das madeiras  serem totalmente distintas  entre um modelo e outro.







Antes e depois:

























quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

As Primeiras Guitarras Marx



MARX I

A primeira guitarra que fiz foi em 16/05/2007, eu ja tocava violão e queria muito uma guitarra elétrica, porém não tinha a menor ideia de como uma guitarra elétrica funcionava. Nesta época eu ainda não tinha internet em casa.

Encontrei uma escadinha de madeira dessas de cama beliche, lembro que era uma madeira bem leve e usei para fazer as laterais da guitarra. O braço usei uma ripa e colei outra mais fina por cima para fazer a escala, o tampo e o fundo usei um laminado desses de fundo de gaveta. Os trastes eu não tinha, então cortei uns pedacinhos de um arame duro, fiz uns sulcos na escala que copiei de um violão que eu tinha, e colei os araminhos como trastes.

Outro detalhe interessante é que lembro que a pressão das cordas começou a fazer o headstock entortar, então coloquei um pedaço de metal para estabilizar o head e o braço da guitarra. As tarraxas eram de violão.

A guitarra funcionava como um violão acústico, fiz dois rasgos no tampo para o som sair, e funcionava muito bem, apesar de ter o som um pouco mais baixo quando comparado ao som do violão. A pintura era azul escuro, uma tinta que encontrei em uma oficina de carros abandonada.

Infelizmente eu não tinha câmera fotográfica, muito menos celular essa época, fico devendo fotos da guitarra, que teria até hoje se não fosse por um descuido.

Guitarra Marx I foi roubada
O local era aberto e mesmo com o portão sempre fechado, deixei a guitarra por algumas horas encostada na parede, quando voltei a guitarra havia sido roubada :(

Se alguém souber o paradeiro desta guitarra eu tenho muito interesse em compra-la.

Segue abaixo os desenhos que fiz na época, e um desenho feito no paint de como a guitarra era, apenas pra efeito ilustrativo:


Ilustração em desenho, guitarra Marx I









MARX II

A segunda guitarra que fiz foi a CBG, "cigar box guitar", no ano de 2010.

O corpo dela é uma caixa de marupá, com tampo e fundo em laminado de fundo de gaveta também, o braço é uma ripa, com escala em outra ripa mais fina colada por cima. dessa vez usei trastes de verdade. No tampo coloquei um ralo de pia como ressonador. O  problema dessa guitarra foi a ponte, que coloquei um pouco mais para baixo, então a afinação não ficava legal e acabei desmontando a "CBG"


















Veja a postagem completa desta guitarra CBG no meu blog cronicas do maluco  CLICK AQUI.




MARX III

Iniciei a construção desta guitarra em Janeiro de 2013, quando achei uma tábua grande e resolvi corta-la ao meio e  emendar as partes.

Ficou um bloco quadrado de madeira, com uma  espessura de 43mm, e pensei.. SIM  !!!  Da para  fazer um corpo sólido de guitarra com esta madeira.

Ficou mais de 2 meses parado por aqui secando a colagem e a madeira em si antes de dar continuidade  ao projeto.

Eu sempre gostei das linhas harmoniosas  da guitarra modelo Mustang da Fender , que é um tanto difícil de se encontrar por  aqui, então o projeto de formato do corpo  seria baseado no modelo Mustang dos anos 60. Porém , minha  intenção sempre foi fazer  algo um tanto diferente e original.

O projeto original incluia um captador humbucker na posição ponte e um single coil na posição braço.  Mas  ao longo do projeto resolvi  usar apenas um captador Hb  na posição intermediaria  entre a ponte  e a posição do meio.

O DESAFIO

A começar pelos materiais  que  eu tinha  para  fazer a propria guitarra, eram peças sobresaltantes  e sobras que eu tinha  guardado  aqui pelas gavetas, incluindo o braço que estava intacto, porém precisou ser ajustado e customizado para chegar nos padrões  que  eu vinha buscando neste projeto.

A madeira do corpo é cedro, o braço maple com escala  em rosewood e trastes médios. A ponte é uma tune o-matic e a peça que  prende as cordas "hardtail" era de uma  epiphone les paul que  estava perdida por aqui . O escudo foi feito com uma placa propaganda de uma empresa de telefonia celular e o control-plate e a chapa que vai por  baixo da ponte  eu fiz recortando uma chapa de inox 1 mm.

Tendo tudo em mãos, o maior  desafio foi usar as  ferramentas que eu tinha disponíveis (poucas e velhas rsrs),  mas ainda assim  , a ideia  de  fazer  uma guitarra artesanal era  forte, e  já  estava  meio caminho andado, então..

Todas as poucas ferramentas que eu tinha disponíveis


Infelizmente  eu não pude tirar foto de  todos  os passos de fabricação (desde a placa de madeira  até o resultado final) , pois ai estava  um formato ainda bruto, porém bastante avançado do corpo, que foi recortado furo a furo no bloco de madeira (usando a furadeira manual), em seguida fui arredondando com o serrote.
Depois da furadeira, foi feito o arredondamento das bordas com o serrote

 Daqui em diante  não teve muito segredo, foi apenas usar lixas e lixas e uma  lima para ir dando formato ao corpo da guita.
O corpo ja quase no formato desejado

a cavidade elétrica feita com auxilio de uma furadeira manual e um formão

Enfim... depois de um longo processo de lixar, lixar, lixar e lixar mais um pouco, eis que a guitarra começou a tomar forma.

Guitarra ainda  em processo de alinhamento (note  o braço estava torto para esquerda).  Esta etapa é essencial para que os  ajustes fiquem perfeitos na fase final de construção da guitarra.

Enfim montada




Depois da primeira customização:






A Guitarra MARX III Hoje :