quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Regulagem guitarra Washburn WR154





E segue mais uma regulagem... Eis que chegou aqui essa guitarra Washburn bem judiada, desregulada e com muito ruído; funcionava vezes sim, vezes não.. É aquele típico caso em que a guitarra começa a tomar vida própria quando fica muito tempo parada rsrsrsrs. O botão de tonalidade estava completamente emperrado.

Guitarras com pontes flutuantes do tipo Floyd Rose são mais complicadinhas de regular mesmo, então na dúvida levem ao seu luthier de confiança.







 Bem sujinha né.. Coitadinha 😐











 Captadores Sergio Rosar ... hmmm rsrsrs



 Vejamos a elétrica... Xiiiii !!!  Como eu suspeitava.. Tudo oxidado.



 Potênciometro emperrado







 Retirando as corda para uma geralzinha.







 Pensei que era um chip ali... kkkk o que é isso xente ?  Vou arrumar essa coisa fiquem tranquilos.







 Agora a ponte... Um capitulo a parte.








Olha o estado dos parafusos da microafinação



 Desmontando tudo, desemperrar os parafusos e tirar a ferrugem urgente !!!















E aí está, limpinha.





 Geral na escala, trastes limpos, polidos.





 Estamos chegando nas etapas finais... Quase lá.




 Selo de revisão com a data e outras informações para sabermos quem foi o ultimo a mexer na elétrica. O luthier que instalou os captadores deixou os fios todos soltos e não isolou os fios do captador no meio que não foi ligado no push pull como os demais. Um puxão de orelha nesse ser aí né xente rsrsrs.



Agora sim, bem limpa... Ficou tão brilhante que até saiu fora de foco na foto rsrsrs























 Só falta colocar as cordas e regular o braço, altura das cordas, oitavas e a guitarra está pronta.






















 Excelente guitarra, os captadores são Punchbucker Sergio Rosar, eu ainda não tinha ouvido o timbre desses caps, mas curti bastante. Com a guitarra bem regulada ficou muito boa mesmo. Único ponto fraco é essa ponte floyd chinesa.. Bem ruim mesmo para ser honesto. Se colocar uma ponte bacana ai a guitarra vai ficar o bicho hehehe, já estou convencendo o dono a fazer tal investimento pois vai valer muito a pena.








 Pronta para voltar a fazer sucessos hehehe.













segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Restauração violão Del Vecchio anos 50





Esse eu comprei para minha coleção particular, por um preço bem bacana. O problema é que o violão é antigo e estava com o acabamento muito ruim, tentaram lixar e fizeram o trabalho da pior forma possível rsrsrs.

O traste 0 marca registrada da Del Vecchio nesse exemplar já foi se embora. Ficou um big slot no lugar do nut. Tarraxas não originais mais bem antigas e sem os parafusos. Sem nut e sem rastilho, mas as condições gerais da estrutura estão inteiras sem empenamentos ou quebrados, trincas nem nada. Isso que é o mais importante em um projeto desses.

As fotos do anuncio do violão :












Eis o violão aqui para eu analisar antes de fechar negócio...



Tirando o acabamento destruído com lixa e verniz marítimo desses de pintar porta e janela o resto está muito bem... Negócio fechado !!!  E vou assumir a bronca de deixar o violão decentemente apresentável rsrsrs



Aqui é perceptível o porque que lixaram o violão e tentaram refazer o acabamento... Pinturas antigas dos anos 50 e 60 são em nitrocelulose. O problema desse tipo de acabamento é que com o passar das décadas o verniz vai ficando amarelado deixando essas manchas no instrumento.


Eu queria muito que esse violão estivesse original mas consegui por um ótimo preço e esta bem inteiro então só me resta refazer o acabamento. Até onde pude confirmar com a própria Del Vecchio é que esse exemplar é dos anos 50, confirmando a história do rapaz que me vendeu. Vou contar a história que ele me contou:


A HISTÓRIA DO VIOLÃO

Eu sou o quarto dono desse instrumento, foi comprado nos anos 50 no norte do Brasil por um senhor que anos depois faleceu e deixou o violão para o filho, que veio embora para o sul no começo dos anos 70.

O filho do senhor falecido ficou muitos anos com esse instrumento, até que em 2015 veio a falecer também, deixando o violão com sua esposa, que resolveu voltar para o norte e vendeu o violão para o então novo dono que tentou restaurar o acabamento mas acabou deixando o instrumento feio e desistiu da empreitada.

Neste ano de 2017 o violão foi colocado a venda e então eu tive o prazer de comprar e ser o novo dono desse pedaço de história.




O começo do refinish..  Raspando todo o nitro antigo













Muito pó, mas adoro esse cheiro, é um cheiro doce inexplicável rsrs, só quem ja lixou um instrumento e mais de 60 anos sabe o que eu estou falando. Sem contar a madeira que é jacarandá e tem um cheiro bem gostoso também. PELO AMOR DE DEUS NÃO VÃO LIXAR UM INSTRUMENTO ANTIGO SÓ PARA SENTIR ESSE CHEIRO kkkk né.. Nesse caso é inevitável refazer o acabamento pois já estava estragado. Mas lixar instrumento antigo é um crime, prefiram sempre manter o instrumento na forma mais original possível.




Na luz do dia é bem perceptível as manchas amarelas por baixo do acabamento original antigo.














Com cuidado... !!! Com cuidado e o acabamento antigo vai sendo removido centímetro a centímetro.





Aqui etapa bem mais evoluída passando para o cavalete e retirando o acabamento velho.



















Essa parte que mais me preocupava.. Cadê o traste 0 ? Ficou um rasgo enorme ali e teria duas opções:
Refazer com um enxerto de madeira e colocar o traste 0 ( jamais encontraria um traste original para fazer isso, sem contar que ficaria bem ruim). A segunda e mais viável opção seria colocar um nut na posição normal e preencher o espaço restante que foi o que eu fiz nesse caso.


















Vai ficar legal. Particularmente eu não sou fã de instrumentos com o traste 0 então isso não vai me incomodar em nada deixar o nut na posição tradicional.




Passado um tempão já, essa é uma etapa bem delicada. O tampo do instrumento que partes estava com acabamento original, partes lixadas e na madeira crua e partes lixadas e com verniz marítimo que foi um pesadelo retirar, pois fica tipo uma borracha.. Uma me*&¨% !!! rsrsrs. Mas com muita paciência e dedicação fui conseguindo retirar isso tudo e deixar tudo beleza.

O tampo é a cara do instrumento então não pode errar aí. Na verdade um instrumento desse não tem margem para erro nenhum.






Já podemos ver os veios desse tampo em marfim lindo lindo rsrsrs










Repare as manchas mais escuras são onde a madeira estava crua exposta sem proteção. Nas etapas de lixa isso tudo vai desaparecer. O tampo é sólido mas muito fino. Importante que não deve ser lixado demais, sempre com cuidado e usando lixas finíssimas para não gastar a madeira.



Todo raspado, agora já está na hora das etapas de lixamento.





Fundo em jacarandá, muito bonito.















Aqui já nos primeiros processos de lixamento.










Essa etapa de lixar tem que ser muito bem feita, as lixas vão mudando o grão a cada novo lixamento afinando o acabamento antes da pintura.














A peça nova que segura o nut, sorte que eu tinha um pedacinho da mesma madeira da escala, vai ficar legal eu creio.




















Ultima etapa de lixa... Está quase na hora do novo e velho acabamento. Novo e velho ? sim, pois optei por fazer o mesmo acabamento que era do original. Verniz nitrocelulose, mas no processo artesanal como era nos anos 50.



Já instalei o cavalete de pintura onde o instrumento fica pendurado curando as camadas de verniz nitro.





Tudo lixado, quase pronto. Ficou uma pequena cicatriz no tampo que não foi possível remover na lixa pois o tampo é fino e para evitar qualquer dano a madeira eu resolvi deixar, afinal é marca da história do instrumento.
























Eis aqui o nitro de forma artesanal.. Quer saber o segredo ? Não conto para ninguém kkkk esse é fórmula secreta.





Primeira demão :













4ª demão:














A cada demão é aplicada uma camada finíssima de nitro, garantindo um acabamento fino que não prejudicara a vibração da madeira que a essa altura deve apresentar um som maravilhoso pois está bem seca e curada por décadas... Tenho certeza que o som dele deverá ser muito bom.










5ª demão:




















Aqui preparando para a 6ª e ultima demão



Pronto agora é só fase de acabamento final





Retífica e polimento de trastes













Está ficando bonito hehehe










Falta o nut agora



E o rastilho.










Olha que belezinha...






































E finalmente chega o dia de colocar as cordas para regular e ouvir pela primeira vez o som do instrumento.












Fantástico, mas ainda precisa de alguns ajustes de nut e rastilho.














Nut ondulado, ficou bonito e tem um propósito que vou explicar em uma postagem futura.























Agora sim pronto, só falta um jogo de cordas novas. Apesar dos pinos das tarraxas serem de metal (latão aqui, mas não é o original), esse violão se utiliza de cordas de nailon. Como saber se é nailon ou aço ? Analisando alguns itens como estrutura interna, espessura do tampo, tipo de cavalete, shape do braço, disposição da escala, distancia entre trastes entre outros indicativos que podemos encontrar por todo o instrumento serão importantes para identificar o tipo de encordoamento que deve ser utilizado.







 



















Tu deve estar a se perguntar e cadê a plaquinha da del vecchio do head ? Pois bem, nesse modelo mais antigo não tinha a famosa placa de metal, comprovado com a própria del vecchio e também por esta foto. Observe que se tivesse placa por ai teria as marquinhas dos pregos que a seguram no head.









Quanto ao som... nossa é maravilhoso.

Difícil explicar, as notas são claras, limpas e definidas, mas o matador mesmo são os graves. Um som que nunca ouvi em outro violão, parece um piano não sei como explicar, é um som único e maravilhoso, estou surpreso e fico feliz em trazer novamente ao auge um violão de tamanho porte e tão antigo quanto esse. Muito honrado e maravilhado pois este fica para coleção particular hehehe 😀





Violão Del Vecchio anos 50

Tampo: Marfim
Braço: Cedro
Escala: Jacarandá
Faixas: Jacarandá
Fundo: Jacarandá
Espelho: Jacarandá da bahia
Cavalete: Jacarandá
Filetes: Marfim