sábado, 3 de dezembro de 2016

Violão Tagima Híbrido


Quem acompanha o meu blog Crônicas do Maluco desde o inicio vai lembrar das primeiras postagens sobre instrumentos, onde eu falava sobre esse violão Tagima modelo Dallas bk que ganhei de presente e foi meu primeiro violão, isso lá em 2006.

Dez anos depois cá está o mesmo violão.. Que por um descuido acabou tendo um grave problema no tampo.







Adoro esse violão.. Na época era novidade pouca gente tinha.. Mas este violão é fabricado até os dias de hoje, e se tornou muito popular no Brasil, muitas pessoas possuem um violão igual.
Fabricado na China, hoje outras marcas como Giannini também produzem por lá violões no mesmo desenho deste, mudando apenas a marca.

Problema no X brace (leque harmônico em X) que na verdade são duas madeiras finas que se cruzam abaixo do tampo, dando estabilidade e reforço para que o violão não entorte o tampo com a pressão das cordas. Com o passar dos anos essa junção X se soltou. O conserto disso ficou praticamente inviável pois o trabalho seria a troca do tampo inteiro, visto que o x brace apresentava uma rachadura severa não tendo como apenas colar.. Teria que de fato refazer o x brace e para isso a única alternativa seria a troca do tampo do violão.

Para evitar todo o trabalho de refazer todo o tampo e depois trocar (acredite é mais facil construir um violão do 0 do que ter que fazer esse tipo de serviço) principalmente em violões modernos e de certa forma baratos... A opção foi colocar um captador de guitarra e cortar o pedaço do leque harmônico que ja apresentava o problema. A ideia inicial era usar um captador de telecaster, incluindo o plate cromado





E assim o usei por algum tempo... Mas no ato da customização, depois de pronto quando coloquei as cordas e toquei os primeiros acordes eu pude sacar uma leve diferença...

A PERDA DE VOLUME NA ACÚSTICA

O Violão perdeu uns 20% do seu volume acústico natural, devido ao pedaço ja condenado do x brace retirado para o encaixe do captador. A principio pensei que poderia ser o plate que segura o captador que estivesse impedindo a vibração correta do tampo e interferindo no volume acústico natural. A solução seria reforçar os leques, retirar o plate e colocar um captador mais leve. Colocar uma chapa vedando o tampo para que esse pudesse vibrar o mais próximo possivel do que era quando original.

Esse captador de telecaster foi instalado com um potênciometro de 500K de volume e um pot de 500 para controlar a tonalidade com capacitor de 033uF. e foram ligados em saida única como o jack original do violão, jack este que liga o violão a sua parte elétrica original (captador de rastilho/pré ampli).

FAZENDO AJUSTES E TESTES...

Depois de um tempo usando o violão com o captador de tele eu confesso que estava insatisfeito com o resultado final. Pois o som acústico não era mais como quando o violão era novo. Ficou um som mais baixo. Com o violão plugado o som ficou com chiados, e para piorar acabou dando interferência com a parte da captação ativa original do violão.

Decidi partir para a solução pensada descrita acima.. E assim então eu fiz, Coloquei um escudo colado direto no tampo, reforçando também as extremidades do leque harmônico por baixo. Troquei o captador de telecaster por um single de strato em alnico. Troquei também os potênciometros de 500 por pots de 250K e um capacitor de 022uF. o violão ficou assim :


Melhorou bastante a acústica ganhou mais volume, mas ainda não ficou 100% de como era antes de cortar o x brace. Fiquei satisfeito com esse resultado e assim usei o violão por mais um tempo...

Mas.. Teria ainda que resolver o problema de conflito do captador ativo original do violão com a captação de guitarra e também faltava algo, faltava mais opções de timbres e combinações... Então segui para uma ideia mais radical..

CHEGANDO AO RESULTADO PERFEITO

Surgiu a ideia de transformar o violão em guitarra semi-acústica.

Usaria 2 captadores humbuckers e um sistema de tonalidade onde os captadores pudessem trabalhar juntos, sem chave de corte e seleção entre os dois.

Outra ideia foi criar duas saídas independentes no violão, onde uma seria a original do violão com seu captador ativo de fábrica e a outra seria a saída nova com captação de guitarra, e assim foi feito.


 Repare as saídas individuais para cada tipo de captação, sendo uma ligando a parte elétrica original do captador tipo piezo de rastilho e circuito ativo pré-amplificado, e a outra saida ligando a captação de guitarra, dois humbuckers ligados em sistema tonal direto, sem chave.


Os captadores escolhidos foram os da marca Epiphone em alnico, tem um som bem bacana gosto bastante desse captador, e para esse projeto ficou excelente. O sistema tonal direto é um pouco mais complexo de explicar, e o grande segredo mesmo é a parte do aterramento, visto que o violão não usa nenhum tipo de ponte metálica para aterrar as cordas... 😮

Ok.. Ok... Sem segredos.. Apenas observe o truque e tire suas próprias conclusões... Este é o rastilho ! 50% metal (latão) e 50% material sintético (tipo plástico duro).

Dá um certo trabalho fazer essa peça, mas funciona muito bem, o aterramento ficou perfeito, sem ruidos. O maior cuidado é manter a base plena e muito reta, pois ele vai ficar por cima do captador piezo da parte elétrica original.


 O grande segredo do violão... O Rastilho "50/50"



O violão-Guitarra Tagima:



Tudo certo.. Tudo bonito.. Mas... Faltava um pequeno detalhe...

O som acústico estava um pouco baixo, abafado pelo escudo. Tive a idéia de fazer uma boca em F na parte inferior esquerda do tampo. Ou fazer uma boca redonda lateral ali na parte onde ficam os controles do pré ampli.

Mas essas ideias eram radicais demais, pois poderia acabar acertando algum leque harmônico no tampo ou no caso de abrir a lateral seria algo completamente irreversível, visto que o tampo tudo bem ainda é possivel trocar caso eu queria um dia reverter tudo isso e deixar o violão como era antes (vai saber né kkk) creio que não 😝 assim está perfeito gostei muito.. Então existia também outra possibilidade, abrir o escudo na região da boca para que o som pudesse sair mais alto e mais nítido, e assim se fez !!!



 Repare a alegria do escudo com um belo sorriso rsrsrsrs.. Abaixo a "signature" G-Marx, data e os captadores epi.


 Agora sim... Depois de muitas tentativas consegui chegar ao resultado que eu esperava





 Outro grande barato desse violão é a possibilidade de tocar em dois amplificadores diferentes ao mesmo tempo, com o mesmo violão, interessante não ??? hehehe  muito legal.








O dia de alegria... Primeiro teste onde fiquei 100% satisfeito com os resultados


Segue o vídeo mostrando um pouco o som deste violão













Ah.. e já ia me esquecendo... Troquei as tarraxas dele também, coloquei um jogo de tarraxas Grover, mesma que a Gibson usa em suas guitarras.









Ficou muito bom mesmo, um violão-guitarra bem único hehehe 😀










quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Transformando captadores singles em humbucker



Consegui umas peças legais por aqui, um corpo de guitarra Fender Squier II made in India ..Sim fabricado na India..  😮  Foram fabricadas por lá entre os anos de 1989 e 1990.




Bem leve, light ash. 4 emendas... É um corpinho bem honesto, eu curti tanto pelo peso quanto pelo shape padrão fender bem bacana.

Coincidentemente eu ja tinha por aqui um braço padrão strato 62, e se encaixou bem nesse corpo.






Maple e rosewood



Descolei também um par de singles originais da Squier II , do tipo metal base plate.




Ai então tive uma ideia de fazer algo que só ouvi falar nos fóruns de guitarra, porém nunca havia tentado esse tipo de coisa.. Transformar 2 captadores single coil em um humbucker... Será que dá certo ??? Vamos tentar hehehe

O escudo eu já tinha por aqui, do tipo transparente, achei que ficaria legal pelo menos para essa base de testes.

As outras peças foi fácil também pois eu ja tinha tudo na mão por aqui, e o corpo veio com algumas outras peças originais da guitarra.

Coloquei tudo meio por cima só para se ter uma noção, ficara algo tipo isso aqui


Legal, ficou diferente ... Só faltava as tarraxas para montar o braço... Tinha algumas tarraxas originais desse braço, mas uma já estava condenada e precisou ser substituida. Consegui encaixar uma deval horvath dos anos 90 ali e olha só, coube certinho hehehe




Com tudo em mãos, faltava testar a resistência dos captadores e testar também os diferentes tipos de combinações que conseguirei montar com eles.


Estes captadores cerâmicos tem uma saída boa e encorpada, marcando a resistência no multímetro deu algo em torno de 8K cada um deles


Então marcamos a resistência da cada captador em sua base para ter uma ideia de qual vai o +

Mas o processo de montagem do humbucker não é só juntar as bobinas. Para funcionar corretamente é preciso que se use uma das bobinas invertidas como podemos notar nesse pequeno diagrama abaixo



Vamos aos testes práticos antes da montagem da guitarra:

Aqui a resisténcia individual de cada captador


Ligados em paralelo como nas posições 2 e 4 na stratocaster padrão, podemos notar que a resistência das duas bobinas juntas cai pela metade, ficando em 4.2 K



E quando ligamos os singles em serie como um humbucker, sua resistência fica em quase 17 K ...

Nada mal pois se analisarmos um humbucker padrão, posição ponte tem em média 14 K de resistência


Creio que vai funcionar hehehe, a idéia agora é usar a guitarra com afinação baixa e um encordamento um pouco maior... Meu limite é o .011, maior que isso ja fica ruim e desconfortavel a tocabilidade na minha opinião. Apesar que a ideia vai ser usar afinação baixa em C#, mas quero usar afinação padrão também, claro.... Afinal estamos em fase de testes 😉


Vou usar potênciometros pequenos de 500K, com capacitor de 047 uF.


Outra observação aqui.. Resolvi montar os singles distantes mesmo para diferenciar ainda mais no som final da guitarra

E ai está... A guitarra montada com encordamento .011 da NIG



O timbre ...

Olha ficou um som limpo e estalado, mas com um bom ganho, como um humbucker fino mesmo de saida boa no clean.

Na distorção ficou um som mais seco, meio embolado nos drives muito fortes. Com afinação baixa ficou bem interessante achei bem legal. Mas na afinação padrão faltou peso, sendo necessário compensar no controle de tonalidade deixando entre 5 e 6 no pot.


Em fase de testes... O escudo ficou legal assim, mas também surgiu essa opção "racer" cinza claro com listras pretas



Considerações finais

Para uma saída boa nos drives creio que seria mais interessante usar um potênciometro de 250K ao invés dos 500K no volume.

Mas no som limpo eu achei muitooo bacana mesmo, ficou meio telecaster mas com mais potência e mais ganho. Bem arisca mesmo.. Para um blues, country, rockabilly, etc... Ficou perfeita essa combinação de singles em serie. Ah e sem aquele ruido chato do single comum. 😄